quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A Escuta como condição ...(por Pe. Ruaro)

A Escuta como condição para fazer a vontade de Deus
 Padre Ruaro, mSC

Recebi dias atrás um e-mail da equipe de preparação dos Novos Horizontes.
Neste e-mail estava a programação do jornal para o mês de março. Todos os colaboradores tinham um tema mais ou menos definido para escreverem e eu fiquei livre para escrever o que eu quisesse. Isso porque, em pleno mês de fevereiro, na edição passada, como eu não tinha um tema definido, escrevi sobre o Natal. E parece que deu certo, pelo menos recebi vários comentários, críticas e
incentivos. Isso é sempre muito bom e aumenta a responsabilidade de quem escreve. Não pensem que me esqueci do Natal, claro que não, “o menino continua
crescendo em sabedoria e graça diante de Deus e dos homens”. E nós também
crescemos quando somos capazes de escutar o que ele diz. Certamente todos nós sentimos dificuldades para viver coerentemente nossa vida humano-cristã. Sabemos que pensar, refletir, discernir, tomar consciência daquilo que fazemos ou falamos é muito importante, mas, muitas vezes agimos por impulso. Penso que,
uma vida humano-cristã depende fundamentalmente dos nossos ouvidos, depende de nossa capacidade de ouvir e assimilar o sentido da palavra ouvida
para aplicar em nossa vida. Dia desses, preparando-me para celebrar a Eucaristia, deparei-me com um texto tirado do Evangelho de São Marcos, no capítulo 7, versículos 31-37. Você conhece esse texto? Vou ajudá-lo(a) a se lembrar. O texto fala sobre o homem surdo que falava com dificuldades e que foi trazido para que Jesus o curasse. Bem, se mesmo assim você não se lembrou, vai lá e leia o texto em sua Bíblia, isso ajudará muito para que você compreenda a reflexão.
É interessante a dinâmica do texto mostrando os gestos de Jesus e sugerindo movimentos que nós também podemos fazer para trabalhar a nossa escuta. O texto diz que “Jesus se afastou com o homem para longe da multidão”. Estabelecer uma distância das confusões que vivemos no dia-a-dia é muito importante. Retirar para um lugar mais tranquilo, silencioso. Estar em um lugar onde de fato você possa se concentrar em suas limitações e virtudes, e buscar transformá-las com os princípios cristãos, isto é sabedoria. Jesus, no texto, chegou a colocar o dedo no ouvido do homem, num gesto que parece querer abrir com o dedo os ouvidos daquela pessoa. Abrir os nossos ouvidos significa dar atenção, colocar sentido, estar concentrado naquilo que deve fazer. Depois “Jesus passa saliva na língua do homem”. Passa um pouco do que é dele para aquele homem. E ele começa a ouvir e falar sem dificuldades.
Eu me lembro dos encontros de círculos bíblicos nas casas, ou mesmo dos cursos nas comunidades. Como é difícil para as pessoas tirarem uma mensagem de um texto bíblico. Normalmente quando um se arrisca a dar uma opinião os outros vêm atrás concordando com ele. A impressão que eu tenho é que escutam mal por isso falam com dificuldades. Muitas das vezes o escutar está carregado de suas necessidades particulares que bloqueiam a possibilidade de entender a mensagem com mais profundidade, em um sentido mais comunitário. É preciso exercitar mais o nosso ouvido, participando dos encontros e buscando ligar o que ouvimos com aquilo que fazemos. Você já pensou como você tem escutado a palavra de Deus? Qual o efeito prático daquilo que você escuta em seu dia-a-dia? Aquele que escuta se torna discípulo-missionário, uma testemunha fiel, e para Jesus é isso que importa. Vamos, pois, aguçar os nossos ouvidos para que, ouvindo, possamos atender o seu chamado e, assim, ajudá-Lo na construção de um mundo melhor.

Publicado no jornal Novos Horizontes - paroquia NSSC - março de 2011

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