Entrevista Com Frei Isidoro Mazzarolo uma síntese
“Jesus e a Física Quântica”
1- Em primeiro lugar gostaria que o sr contasse sobre sua formação acadêmica e de seu histórico como escritor. Quantos obras publicadas, o que o sr se dedica atualmente.
Frei Isidoro: Eu sou licenciado em Filosofia, pela Universidade de Caxias do Sul/RS; licenciado em teologia pela PUC-RS, mestre em exegese bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma; doutor em teologia bíblica pela PUC-Rio e phd pela École Biblique et Archéologique francaise de Jerusalém.
Frei Isidoro: Minha caminhada de escritor começou com uma obra biográfica de um missionário no Mato Grosso e Amazônia, o qual fazia seus diários de viagem e eu decidi ler esses mesmos e transformá-los em livro. Depois começou minha vida acadêmica, como professor, quando ainda era mestre, recém voltado de Roma, em 1987. Senti a falta de livros ao alcance dos alunos e elaborei algumas apostilas, mais tarde, transformadas em livro: A Bíblia em Suas Mãos (8ª.edição). Depois veio a indicação para publicar a tese de doutorado, em 1993 e de lá para cá foram surgindo os livros, conforme as necessidades e o tempo para escrever.
2 - Como surgiu a ideia de escrever "Jesus e a Física quântica?
Frei Isidoro:“Jesus e a Física Quântica” surgiu quase por acaso, depois de ver um DVD chamado “Quem somos nós”. Esse vídeo me chamou a atenção sobre a relação das células na rede neural e seus diferentes comportamentos, diante das possíveis variáveis. A partir dali, comecei buscar bibliografia e livros sobre as “teorias da física quântica” e, curiosamente, fui percebendo que na pedagogia de Jesus havia muita semelhança. Era só uma questão de transposição, isto é, mudar o nome de célula para pessoa e de rede para comunidade/sociedade. Aquilo que os físicos falam da célula na rede, Jesus fala da pessoa na sociedade.
Podemos ver Jesus como o perfeito homem quântico.
3 - O que vem a ser o estudo da física quântica?
Frei Isidoro: O importante desse estudo é mostrar qual o lugar da célula na rede e o funcionamento da rede. No nível de física quântica é a compreensão do microcosmos e do macro. Todas as coisas funcionam interconectadas e na mútua interdependência. Na rede neural as células interagem através das “perturbações”, isto é, dos contatos, choques e ligações. Nesse constante movimento o sistema se autossustenta e se renova através do fenômeno da “autopiésis”, que também é entendido com a dinâmica da restauração permanente.
A rede se mantém dentro de um sistema de “autopiésis” e se relaciona com outras redes e outros sistemas neurais dentro dos mesmos princípios.
4 - Como se dá a intercessão da física quântica com a religião?
Frei Isidoro: Quando fazemos a correlação dos conceitos da física quântica de célula e rede com a pedagogia cristã de pessoa e comunidade/sociedade não precisamos de muito esforço, nem muita inteligência para perceber que o cristianismo acentua sobremaneira a importância e a responsabilidade da pessoa e da comunidade diante dos resultados positivos ou negativos que nela se encontram.
Nesse aspecto é de capital importância ver como Jesus se posicionou diante das instituições e estruturas de seu tempo. Percebendo todas as mazelas de uma sociedade corrompida e de um sistema religioso decadente, recuperou muito da pregação profética, adotou práticas novas e rejeitou todos os esquemas e paradigmas de exclusão. Na sua forma de ensinar e agir entendemos melhor as razões da curas, dos milagres e de toda a sua filosofia de vida: a pedagogia da inclusão.
5 - Onde se encontram a física quântica e os ensinamentos cristãos?
Frei Isidoro: Eles se encontram em muitos aspectos. Nem todos os conceitos quânticos podem ser aplicados ao cristianismo. No entanto, para exemplificar de modo sintético, poderíamos dizer que a física quântica tem como grande ponto de encontro com o cristianismo a conceituação de Bem e Mal. Na física quântica, quando uma célula adoece ela coloca em crise toda a rede e todo o sistema e, diante disso, a rede tenta como primeira solução, a restauração dessa célula para restabelecer as conexões e a vitalidade da rede. Quando a célula está doente compromete todo o sistema e, no sentido oposto, quando ela está bem, permite o funcionamento perfeito do sistema. No âmbito cristão, quando um indivíduo é mau, corrupto ou perverso ele coloca em crise toda a sociedade e faz todas as pessoas ao seu redor sofrer. Isso a pedagogia cristã chama de pecado porque é ruptura da vida e opção pela morte. Nesse campo, o que importa não é se a pessoa acredita ou não em Deus, se ela tem ou não uma religião explícita, o que conta é que ela é responsável pelo sofrimento de seus irmãos.
6 -Explique a teoria da rede celular.
Frei Isidoro: Uma das posições interessantes da física quântica em relação à rede celular é que tudo funciona dentro de um sistema de Conexão e desconexão. Imaginemos a parábola de Jesus no capítulo 15 do Evangelho de S. João sobre a Videira e os ramos. Nenhum ramo produzirá frutos separado da videira.
Assim a célula só tem vida enquanto ela estiver conectada com a rede. No momento que ela se desconecta está morta.7- Como o sr vê o mundo de hoje tão voltado para novas tecnologias? O sr acredita que um mundo tão tecnológico engendrará um ser humano melhor?
Frei Isidoro: Eu acredito que, como em quase todos os sistemas, há pessoas com boas e com más intenções. O ser humano evoluiu e continuará evoluindo no campo tecnológico e exigirá das religiões uma adequação permanente a fim de manter o diálogo com o ser humano de cada época e lugar. Muitas descobertas e avançoS tecnológicos vieram a produzir grandes efeitos benéficos ao ser humano, especialmente em termos de conforto, comunicação, locomoção, etc. Por outro lado, percebe-se que há indústrias da morte, como é o caso desses laboratórios transnacionais que produzem doenças em laboratórios para viver do lucro dos seus remédios, e outras indústrias que vivem do sofrimento da sociedade. Lamentavelmente, eu não acredito que essas descobertas produzam um ser humano melhor, por que as grandes indústrias não estão alicerçadas do direito à vida, à verdade e ao amor, mas sim, em lucros, em controle econômico e no poder bélico.
8 - O sr acredita no fim do livro tradicional?
Frei Isidoro: Eu não acredito no fim do livro tradicional, de papel. Um livro em papel tem seu tempo de vida ilimitado. Uma vez escrito ele estará na prateleira de uma sala de estar, numa biblioteca ou na pasta de um aluno, mesmo muitas décadas depois. As bibliotecas virtuais demorarão muito tempo para chegar ao alcance das grandes camadas da sociedade. Por outro lado, os sistemas virtuais não estão isentos de colapsos gerais e seria muito inseguro colocar toda a confiança num sistema virtual, por mais protegido que possa estar.
9 - O que o sr acha das rede sociais?
Frei Isidoro: As redes sociais são “facas de dois gumes”. Muitas delas cumprem um papel importantíssimo na conscientização, na informação e na distribuição de alertas, notícias e advertências. Outras, com objetivos próprios e em função, não raro, de finalidades perversas, induzem pessoas à escravidão, ao erro e à subjugação de seus próprios valores morais, sociais e políticos.
10- Qual o tema que o sr abordará em um próximo livro? E por que?
Frei Isidoro: O meu próximo livro (o 32º.) será um comentário exegético da Carta aos Colossenses. A grande parte das minhas obras envolve comentários exegéticos aos livros bíblicos e, é um sonho meu, fazer um comentário para cada livro do Novo Testamento, minha área de atuação acadêmica. Se surgir um outro “insight” fora da Bíblia ou relacionando um tema bíblico com outra área, farei. No entanto, estou tentando completar os comentários bíblicos do Novo Testamento.
Frei Isidoro Mazzarolo
WWW.mazzarolo.pro.brEmail: mazzarolo.isidoro@gmail.com
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