sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Construtores de Ponte

De todos os títulos que no mundo se concedem, o que mais me agrada é o de "Pontífice" quer dizer literalmente construtor de pontes. Um título que hoje está monopolizado pelos bispos e pelo Papa, mas na antiguidade cristã se referia a todos os sacerdotes e que por lógica poderiam estender para todas as pessoas de coração aberto.
Num tempo em que são tão freqüentes os construtores de barreira, nada melhor do que começar a construir pontes para superar os abismos.
Mas fazer pontes e sobretudo se e se fazer de ponte, não é tarefa fácil, requerendo muito sacrifício. Ponte é alguém fiel às duas beiras, mas não pertença a nenhuma delas; porém deve estar firmemente alicerçada nas duas. è renunciar a toda liberdade pessoal. Só se "serve" quando se renuncia.
Ponte é fundamentalmente alguém que suporta o peso de todos os que passam por ela. A resistência e a solidez são suas virtudes; conta especialmente a sua capacidade de serviço, sua utilidade.
È muito ingrato ser ponte: ninguém vive para ficar cima delas, usam-nas para cruzar e depois esquecem.
Apesar disto meus amigos, que grande ofício este de ser ponte entre as pessoas, as coisas, as idéias e as gerações. O mundo deixaria de ser habitável no dia em que os construtores de abismos e precipícios superassem os construtores de pontes
Temos que entender pontes primeiro para nós mesmos, para nossa própria alma, tantas vezes incomunicada em nosso interior. Ponte de respeito e aceitação de nós mesmos.
Nunca esquecerei a lição de oratória que um professor me deu: "nunca fales às pessoas, fale com as pessoas". Todo orador que criar um diálogo com seu público conseguirá o milagre da comunicação, tão pouco freqüente nos nossos dias.
Foi então que aprendi que não é possível mar sem antes nos transformar em pontes, quer dizer, sem sair um pouco de nós mesmos.
Abençoado ofício de ser ponte.

E ponte entre a vida e a morte? Como já foi dito,

 " Neste mundo há duas grandes cidades: a da vida e a da morte,ambas unidas e separadas pela ponte do amor. A maioria das pessoas, embora vivas moram na cidade da morte, a poucos metros da cidade da vida, mas sem coragem para atravessar a ponte que a separa.

Quando se ama se começa a morar na cidade da vida.

(José Luís M. Descalzo - Livro: razões para o Amor)

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